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AFORISMOS Fernando
Pessoa.
- No hay
verdad en esta vida que no se diga mintiendo.
- El cero es la mayor metáfora. El infinito la mayor analogía. La existencia el mayor símbolo.
- La mejor manera de viajar es sentir. Sentirlo todo de todas las maneras.
- Toda revolución es una enfermedad.
- Sé solo rey de ti mismo.
- Detrás de lo que siento está la vida.
- Día que no gozaste no fue tuyo.
- Ser poeta no es una ambición mía. Es mi manera de estar solo.
- Qué difícil no ver sino lo visible.
- Comienzo a conocerme. No existo.
Aforismos de Fernando
Pessoa, Colección A LA MINIMA. Editorial Renacimiento, Sevilla, 2012.
Como
dijera Don Fernando, por mano de Álvaro de Campos:
¡En
cuántas cosas prestadas voy yendo por el mundo!
¡Cuántas
cosas que me prestaron conduzco como mías!
¡Cuánto
de lo prestado, ay de mí, yo mismo soy!
.
Fernando
Pessoa, Antología de Álvaro de Campos, Editora Nacional, Madrid, 1978.
.
Mensagem NOITE
Glória de Lourdes - NOITE - André Luiz Oliveira-Fernando Pessoa -
gravação de 1986
NOITE
A Nau de um deles tinha se perdido
No mar indefinido.
O segundo pediu licença ao Rei
De, na fé e na lei
Da descoberta, ir em procura
Do irmão no mar sem fim e a nevoa escura.
Tempo foi.
Nem primeiro nem segundo
Volveu do fim profundo
Do mar ignoto à pátria por quem dera
O enigma que fizera.
Então terceiro a El-Rei rogou
Licença de os buscar , e El-Rei negou.
Como a um cativo, o ouvem a passar
Os servos do solar.
E, quando o vêem, vêem a figura
Da febre e da amargura,
Com fixos olhos rasos de ânsia
Fitando a proibida azul distancia.
Senhor, os dois irmãos do nosso Nome
O Poder e o Renome --
Ambos se foram pelo mar da edade
À tua eternidade:
E com eles de nós se foi
O que faz a alma poder ser de heroe,
Queremos ir busca-los, d'esta vil
Nossa prisão servil:
É a busca de quem somos na distancia
De nós; e, em febre de ânsia,
A Deus as mãos alçamos.
Mas Deus não dá licença que partamos.
Mensagem Os Avisos Terceiro
Ney Matogrosso
Terceiro
Screvo meu livro à
beira-magua.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quntes de
agua.
Só tu, Senhor, me dás viver.
Só te sentir e te pensar
Meus dias vacuos enche e
doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a
Hora?
Quando virás a ser o Christo
De a quem morreu o falso Deus,
E a dispertas do mal que
existo
A Nova Terra e os Novos Céus?
Quando virás, ó Encoberto,
Sonho das eras portuguez,
Tornar-me mais que o sopro
incerto
De um grande anceio que Deus
fez?
Ah, quando quererás, voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da nevoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu
Senhor?
http://www.youtube.com/watch?v=F-9pe17cgAc
O INFANTE
Deus quere, o homem sonha, a
obra nasce.
Deus quiz que a terra fosse
toda uma,
Que o mar unisse, já não
separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando
a espuma,
E a orla branca foi de ilha em
continente,
Clareou, correndo, até ao fim
do mundo,
E viu-se a terra inteira, de
repente,
Surgir, redonda, do azul
profundo.
Quem te sagrou creou-te
portuguez.
Do mar e nós em ti nos deu
signal.
Cumpriu-se o Mar, e o Imperio
se desfez.
Senhor, falta cumprir-se
Portugal!
.
Fernando
Pessoa
NEVOEIRO
Nem
rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define
com perfil e ser
Este
fulgor baço da terra
Que
é Portugal a entristecer —
Brilho
sem luz e sem arder
Como
o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém
sabe que coisa quer.
Ninguém
conhece que alma tem,
Nem
o que é mal nem o que é bem.
(Que
ânsia distante perto chora?)
Tudo
é incerto e derradeiro.
Tudo
é disperso, nada é inteiro.
Ó
Portugal, hoje és nevoeiro...
É
a hora!
Valete,
Fratres.
PADRÃO
O
esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu,
Diogo Cão, navegador, deixei
Este
padrão ao pé do areal moreno
E
para diante naveguei.
A
alma é divina e a obra é imperfeita.
Este
padrão sinala ao vento e aos céus
Que,
da obra ousada, é minha a parte feita:
O
por-fazer é só com Deus.
E
ao imenso e possível oceano
Ensinam
estas Quinas, que aqui vês,
Que
o mar com fim será grego ou romano:
O
mar sem fim é português.
E
a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E
faz a febre em mim de navegar
Só
encontrará de Deus na eterna calma
O
porto sempre por achar.
13-9-1918